Resíduos, energia elétrica e água, conceitos e otimização destes recursos

Resíduos, energia elétrica e água, conceitos e otimização destes recursos |

Por Renato Prado, Coordenador do Projeto Condomínio Sustentável |

O nosso projeto tem como base três eixos de atuação: Gestão de Resíduos, Economia de Água e Eficiência Energética. Neste texto abordaremos alguns conceitos importantes e como otimizar estes recursos.

Entendendo o conceito de Resíduos, ou a evolução do que antes era conhecido como Lixo!

            O que entendíamos no passado como “Lixo” (que significava algo que não tinha mais proveito), evoluiu para uma nova definição que inclui resíduos e rejeitos.

De acordo com a Lei Federal 12.305 de/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os resíduos têm a seguinte classificação:

I - Quanto à periculosidade:

  1. Resíduos Perigosos: aqueles que em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, toxicidade, patogenicidade; apresentam risco à saúde pública ou à qualidade ambiental;
  2. Resíduos Não Perigosos: os demais resíduos não enquadrados acima.

II - Quanto à origem:

  1. Resíduos Domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas;
  2. Resíduos de Limpeza Urbana: Perigosos: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
  3. Resíduos Sólidos Urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b” (acima)

Esta classificação segue até a letra “k”, com outras categorias mais especificas (resíduos dos serviços de saúde, da construção civil, agrossilvopastoris, de transporte, do saneamento básico, industriais, da mineração e dos estabelecimentos comerciais).

Neste contexto inclui-se também o “Rejeito”, um tipo específico de resíduo sólido, que fica de fora das categorias acima, e é aquele sem possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem.

Mais especificamente em relação aos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), estaremos considerando para este contexto a nova Lei Municipal de Santos (952/2016) que dentre outras coisas, classifica os resíduos domiciliares (RSD) em 2 sub-tipos:

  1. Secos-Recicláveis: plástico, PET, papel, papelão, vidro, metal
  2. Úmidos-Orgânicos: rejeitos ou papéis e fraldas usadas, além de restos de comida, de preparação de cozinha

Portanto, em função desta classificação, é muito importante entender que “não existe mais Lixo”, e que os resíduos além de serem variados, tem valor, importância e correta destinação.

Por estas razões estaremos buscando soluções para minimizar nossa geração de resíduos, reciclar ao máximo tudo que for possível, reduzindo assim a quantidade de rejeitos que serão destinados aos aterros sanitários; tudo em prol do Meio Ambiente e das oportunidades de trabalho que poderão ser geradas com o aumento da reciclagem.

Entendendo o conceito de Eficiência Energética, atividade que busca melhorar o uso das fontes de energia!

O conceito de Eficiência Energética é recente, e tem sido adotado para expressar a utilização racional de energia, que consiste em usar de modo eficiente a energia para se obter um determinado resultado. 

A utilização das energias renováveis como fonte de energia para consumo das necessidades energéticas, é uma das formas mais eficientes de adquirir uma eficiência energética. Os painéis de captação da energia solar de tipo fotovoltaica, estão cada vez mais eficientes e accessíveis, os custos estão despencando com uma queda de quase 60% nos últimos 5 anos. Além disso concessionárias como a CPFL, estão incentivando esta tecnologia, através da instalação de medidores bidirecionais, gerando créditos energéticos para os consumidores.

Já com a iluminação, podemos adotar o uso de lâmpadas tipo LED que permitem economizar quase 90% de energia em relação à uma lâmpada tipo incandescente; além disso a vida útil do LED é 50 vezes maior (portanto menos manutenção, reduzindo assim a necessidade de mão de obra), o calor transferido para o ambiente é menor (reduz necessidade de climatização).

Outro dispositivo de forte impacto e consumo de eletricidade nos Condomínios, por exemplo, são os motores (utilizados nas bombas de recalque e drenagem, nos elevadores, nos portões e garagem). É possível economizar de 20 a 30% de energia a partir da utilização de um motor de alto rendimento em relação a um tradicional. Em complemento os modernos dispositivos “Inversores de Frequência”, que atuam no tipo de acionamento, proporcionam ainda uma redução de até 70% da energia demandada.

É importante entender que em relação à Eficiência Energética, além das economias financeiras, também contribuiremos para reduzir necessidade de produção de eletricidade derivada da queima de combustíveis fósseis, como ocorre em nosso país quando as Usinas Termelétricas são acionadas. Menos combustível fóssil significa menos poluentes emitidos na atmosfera e mais qualidade de vida; além de contribuir para atingir o compromisso assumido por nosso país durante a COP 21 de Paris em 2015, para redução das emissões de gases de efeito estufa.

Entendendo o conceito do Uso Racional de Água, e das vantagens ambientais e financeiras desta prática!

A água é certamente o recurso natural mais importante, cujos consumo e utilização devem ser realizados de forma consciente, a fim de não comprometer a sua disponibilidade para nossa sociedade hoje, e nem para as gerações futuras.

Embora o volume total de água existente na Terra seja muito grande, menos de 3% deste recurso é de água doce, das quais 2,5% está presa em geleiras. Dos 0,5% restantes, a maior parte está distribuída em aquíferos subterrâneos, dificultando o acesso e a utilização. Em se tratando do contexto mundial, diversos países adotam práticas de uso racional da água, que pouco são colocados em prática no Brasil, visto que, nosso país é beneficiado em abundância com este recurso. No entanto, esta situação está mudando rapidamente, e vivemos recentemente em nossa região, importantes crises hídricas, resultantes do sobreconsumo e das secas em parte geradas pelo fenômeno do aquecimento global e das mudanças climáticas.

Por estas razões é de extrema importância que adotemos práticas sustentáveis com relação ao nosso consumo de água, e veremos que através de algumas soluções simples, de ordem pessoal e coletiva, permitirão realizar economias substanciais, além de preservar e garantir estes recurso para as gerações futuras.

Dentre os itens que podem ser implementados em áreas coletivas e residenciais estão o controle e redução de vazão geral, que permite diminuir o fluxo em todos os dispositivos, além de redutores de vazão para as torneiras, torneiras temporizadas, vasos sanitários com caixa acoplada com 2 botões, técnicas para irrigação/rega dos jardins, captação de água de chuva, dentre outros.

Economias decorrentes da implantação de soluções e dispositivos para o consumo racional de água, em Condomínios, por exemplo, podem viabilizar recursos financeiros para investimento em outras melhorias, assim como para a redução nos valores das taxas de condominiais.

No entanto, entendemos que a sensibilização deve decorrer não apenas pela economia nos custos, mas principalmente pela conscientização sobre a disponibilidade deste recurso para as futuras gerações. A mudança em diversas práticas coletivas e individuais poderá então contribuir de múltiplas formas!