A OPORTUNIDADE DE APLICAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS PARA CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS

Renato Prado e Helena Benaque

 

Diante da realidade atual e da preocupação crescente com relação aos impactos que causamos ao meio ambiente e como isto reflete em nossa qualidade de vida, o mercado imobiliário tem buscado cada vez mais formas de se adequar a essas demandas e incentivar práticas mais conscientes e sustentáveis. Tendo em vista que os segmentos de construção e edificações são grandes consumidores de energia e recursos e que, de acordo com dados da ONU,  são responsáveis por 39% das emissões de gás carbônico associadas a esse uso, a busca por alternativas que amenizem esse reflexo vem crescendo ao longo do tempo. 

Em resposta a essas demandas, surgiram as certificações ambientais, que no âmbito das edificações são títulos que indicam uma variedade de adaptações que podem ser realizadas no empreendimento para que eles se tornem mais sustentáveis. Em suma, esses títulos são conhecidos como selos verdes e garantem que o condomínio está comprometido com relação à redução de seus impactos no meio ambiente. Contudo, devido à complexidade para a implantação e os custos para obtenção destas certificações, em sua maioria, elas acabavam ficando limitadas apenas aos condomínios comerciais e grandes empreendimentos, que envolvem um volume maior de investimentos e consequentemente maior viabilidade. 

Assim, com base na constatação das mudanças climáticas e compromissos assumidos para buscar sua mitigação, tornou-se necessário envolver o maior número de pessoas em práticas sustentáveis e, consequentemente, incluir os condomínios residenciais se tornou uma forma de ampliar esse movimento, sobretudo nos municípios mais verticalizados. Nesse contexto, foi idealizado o Programa Condomínio Sustentável, que buscou expandir a proposta e a expertise das certificações também para as edificações residenciais. Sabendo da existência de uma diversidade de recursos e processos que podem ser implementados a baixo custo nos condomínios residenciais e, partindo de uma proposta inovadora, o Programa Condomínio Sustentável trouxe a resposta para essa demanda, proporcionando ações pautadas nas certificações ambientais tradicionais e já consolidadas, adaptando de cada uma delas os principais e mais acessíveis atributos. A partir disso, passou a oferecer uma prestação de consultoria gratuita em sustentabilidade para essa categoria de condomínios desde 2017 no município de Santos. 

 

ORIGEM E HISTÓRICO DAS CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS PARA EDIFICAÇÕES

 

Entender o contexto e a importância das certificações é fundamental para que estas sejam aplicadas da maneira mais adequada. As primeiras certificações para edificações surgiram na década de 90, com as discussões iniciais sobre o conceito de construção sustentável e a realização da Eco-92, que possibilitou troca de informações mais abrangentes e voltadas para a sustentabilidade. Em 1990, foi criado o primeiro sistema de avaliação no Reino Unido, a BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), que desenvolveu um modelo de sumário de desempenho ambiental reconhecido internacionalmente, aplicado a partir de uma ampla gama de categorias e critérios de avaliação baseado, sobretudo, em pesquisas científicas relacionadas à construção civil. Logo em seguida, uma série de certificações baseadas nos mesmos critérios de sustentabilidade começou a aparecer, variando de acordo com seus atributos e requisitos. Em 1991 surgiu o HQE (Haute Qualité Environnementale) na França. O Canadá lançou o selo BEPAC (Building Environmental Performance Assessment Criteria) em 1993, e os Estados Unidos a certificação LEED (Leadership of Energy and Environmental Design) em 1998, um dos sistemas mais utilizados no mundo todo. Já, somente em 2002, o Japão lançou o CASBEE (Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency) e a Austrália o Green Star. 

O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) foi criado em 2007 com o objetivo de contribuir para a geração e difusão de conhecimento e de boas práticas de sustentabilidade na construção civil do país e a primeira certificação LEED aconteceu no mesmo ano. Em 2008 foi lançada a certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental), representando o selo francês HQE, pela fundação Vanzolini, que ganhou grande espaço no mercado brasileiro de construções residenciais, sobretudo por ser totalmente adaptado ao Brasil e levar em consideração a cultura, clima, normas técnicas e a regulamentação presentes no país. 

No Brasil, no entanto, as primeiras avaliações nacionais foram voltadas ao desempenho e eficiência energética dos condomínios.  Dessa forma, o Selo Procel Edificações foi outorgado pela Eletrobras em 2003, e se destacou no mercado com o objetivo principal de identificar as edificações que apresentem as melhores classificações de eficiência energética em uma dada categoria. Esse procedimento se assemelha ao que precedeu nos Estados Unidos em 1992, onde a Agência de Proteção Ambiental (EPA) lançou o Energy Star, programa de certificação destinado a identificar produtos energeticamente eficientes e que se aplica também, como o Procel, às edificações. Já, com relação aos demais parâmetros, e levando em consideração questões além da avaliação energética, a Caixa Econômica Federal criou em 2010 o Selo Casa Azul Caixa, um instrumento de classificação socioambiental destinado a empreendimentos habitacionais que adotem soluções eficientes na concepção, execução, uso, ocupação e manutenção das edificações.

 

COMO ESCOLHER A CERTIFICAÇÃO ADEQUADA 

 

De maneira geral, existem diferentes finalidades e atributos que podem ser selecionados de acordo com as necessidades e objetivos de cada empreendimento. Além de tornar as edificações mais sustentáveis, as certificações ou selos verdes podem ter diversas outras vantagens, são elas: desenvolver o potencial de marketing e valorizar o produto; obter incentivos fiscais como IPTU verde e redução no custo de outorga; satisfazer consumidores preocupados com as causas ambientais; promover um produto de melhor qualidade ou desempenho; estimular e possibilitar a economia nas contas de consumo. Já, para cada uma dessas finalidades, é necessário avaliar o que cada modelo oferece, já que cada um possui uma especificidade e um nível de exigência que deve ser levado em consideração desde o início do empreendimento. 

Algumas certificações, como a LEED, AQUA e GBC Casa e Condomínio, são certificações mais completas e exigem uma série de pré-requisitos variados que vão desde a construção do empreendimento até o momento final. Outras, como a Procel Edifica e GBC NET Zero Energy, são mais restritas e possuem seus pré-requisitos voltados para atributos mais específicos, no caso, a eficiência energética. Contudo, existe uma série de questões que devem ser consideradas, desde o planejamento e orçamento inicial, até a disponibilidade de tecnologias, adequação às normas, condições nacionais e reconhecimento no mercado em que se quer atuar. 

Dessa forma, é necessário ter em mente, exatamente, quais os objetivos em se obter esse título ambiental, pois eles exigem um planejamento prévio e comprometimento diferente para cada situação.  Os títulos se adaptam a todas e mais variadas edificações, desde as mais antigas que necessitam de adequações específicas e acessíveis até as novas, que podem otimizar a construção desde o início. Segundo o CBCS as estimativas de valorização das edificações e construções mais sustentáveis são de 10% a 20% em média do imóvel e a redução no custo de manutenção mensal podem variar entre 8% e 9%, resultados significantes para a implementação dessas certificações nos condomínios.

 

QUAL A IMPORTÂNCIA DAS CERTIFICAÇÕES?

 

No ranking mundial de construções sustentáveis com certificação LEED, o Brasil ocupa o 4º lugar entre 167 países, de acordo com a Green Building Council Brasil (GBC). Com mais de 530 projetos certificados, o país se destaca nos esforços em sustentabilidade dessa categoria em todo o mundo. Esse processo garante em média uma redução de 40% no uso da água, 30% no uso de energia, 35% na liberação de CO2 e 65% no descarte de resíduos, porcentagens significantes dentro da realidade brasileira. Tendo em vista esses resultados, e levando em consideração que existe uma diversidade de certificações e atributos avaliados, é fundamental destacar a importância dessas ferramentas no cenário atual. Uma vez que, seja qual for a escolha, os impactos ambientais estão em jogo, e por mais que os atributos sejam reduzidos, os resultados são sempre positivos. 

Neste sentido, temos como prioridade envolver o maior número de edificações nesses procedimentos, sejam elas residenciais ou comerciais. O conhecimento das diversas certificações possíveis, e das variadas ações que uma edificação pode e deve adotar, se torna necessário e fundamental para que o país e o mundo se desenvolvam em prol do meio ambiente e das futuras gerações. As edificações, antigas ou novas, são a base e a estrutura da sociedade moderna e seu desenvolvimento. 

 

O PROGRAMA CONDOMÍNIO SUSTENTÁVEL

 

O Programa Condomínios Sustentável oferece a prestação de serviços de consultoria em sustentabilidade, realizada através de visitas de diagnóstico gratuitas, direcionada aos condomínios residenciais que se incluem no escopo de atendimento, com 5 andares ou mais, do município de Santos. As visitas de diagnóstico são realizadas através de um checklist personalizado e inspirado nos parâmetros das principais certificações ambientais mencionadas, o qual tem como base quatro eixos estruturantes:  a gestão de resíduos, a eficiência energética, o uso racional da água e a educação ambiental.  Em seguida, por meio do trabalho desenvolvido por uma equipe técnica qualificada, o programa disponibiliza um relatório técnico de sustentabilidade com diversas aplicações, adequações e práticas pautadas nas diferentes certificações. Finalmente, após a implementação dos processos, o condomínio participante do programa recebe da equipe o selo do Condomínio Sustentável.

O resultado desse trabalho é uma série de adaptações que trazem efeitos positivos, não só para os condomínios e condôminos, com economias nas contas de luz e água, otimização na gestão de resíduos, aprendizado e novas tecnologias, mas também para o meio ambiente, pois menos recursos utilizados representam menos emissões de carbono equivalentes. Diante disso, além de identificar questões simples de serem implementadas em cada condomínio, o programa busca utilizar da educação ambiental para envolver e orientar a população, mostrando resultados positivos e incentivando práticas e hábitos acessíveis que podem beneficiar a todos. Esse deve ser o compromisso de cada cidadão, buscar reduzir sua pegada ecológica e assim contribuir para mitigar os efeitos do aquecimento global

Assim, o Programa Condomínio Sustentável convida seu Condomínio também para beneficiar-se dessa prestação gratuita!

Tornar as edificações mais eficientes e exercer práticas mais sustentáveis são ações fundamentais para um mundo melhor.


 

Solicite mais informações por meio de nossos contatos:

  • Tel: (13) 3221- 2034 (atendimento de 9h às 13h, de segunda a sexta-feira)

  • Email: contato@condominiosustentavel.eco.br

 

*Renato Prado é coordenador do Programa Condomínio Sustentável e Helena Benaque é educadora ambiental