GESTÃO DE RESÍDUOS EM MEIO À PANDEMIA

Neste artigo, um alerta para o aumento da geração de resíduos e os riscos do descarte incorreto.

Helena Benaque

 

Diante da nova realidade devido à pandemia do coronavírus, diversas questões vêm surgindo com relação aos nossos hábitos de consumo e o impacto que eles causam no meio ambiente. As adaptações ao novo estilo de vida, como trabalhos e aulas remotas, bem como carga horária reduzida dessas atividades, levam as pessoas a se adequarem e passarem mais tempo em casa. Em vista disso, a maior demanda de alguns recursos se destacou, como o consumo de energia e água por exemplo. A geração de resíduos é outro fator importante, o isolamento social gera aumento  do consumo nas residências e, consequentemente,  intensifica essa ação. Assim, essa nova realidade pede atenção quanto à disponibilidade dos recursos e nossos hábitos no que se refere ao meio ambiente e ao próximo, uma vez que, agora, as exigências são ainda maiores.

No que diz respeito ao cenário atual, a conscientização ambiental retoma questões importantes com relação aos nossos hábitos de consumo. Atualmente, devido à pandemia e à necessidade de ficar mais tempo em casa, algumas práticas têm sido recorrentes, como é o caso dos serviços de “delivery”. Esse serviço, sobretudo ao se tratar do mercado alimentício, gera uma quantidade enorme de resíduos, como bandejas, copos, talheres e outros produtos descartáveis. Dessa forma, além dos resíduos comuns que já eram produzidos no dia a dia, hoje temos um acréscimo significante nesse valor. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) indicam um aumento de 15 a 25%  na geração de resíduos sólidos domiciliares, resultado esperado porém preocupante ao se tratar de sua destinação final ambientalmente adequada. 

Também é possível destacar o novo mercado que surgiu com as medidas preventivas do novo vírus. A utilização de álcool em gel e máscaras agora é imprescindível a todos, porém, assim como qualquer produto, um novo mercado também é sinônimo de um novo tipo e quantidade de resíduo. Os frascos de álcool em gel, em sua maioria são feitos de plástico, e certamente podem ser descartados e reciclados da forma como já estamos habituados. Contudo, as máscaras já não funcionam da mesma maneira, existem máscaras descartáveis e máscaras de tecido, porém ambas não podem ser recicladas e devem ser direcionadas, embaladas em sacos plásticos, aos contentores de rejeitos devidamente fechados. Outra questão relevante se deve à geração de resíduos hospitalares em unidades de atendimento à saúde, de acordo com dados da ABRELPE, os valores podem aumentar consideravelmente, de 10 a 20 vezes.

Apesar das orientações, é frequente observarmos o descarte inadequado de máscaras, que acaba por contribuir com a contaminação do vírus e com a poluição do meio ambiente. Máscaras estão sendo encontradas nas ruas, nas praias e no mar,  que é pra onde todo resíduo acaba seguindo quando não é descartado da maneira correta. O descarte inadequado reflete a falta de conscientização da sociedade e a ausência de cuidado com o próximo.  Educação ambiental e educação para a cidadania são, portanto, gêneros de primeira necessidade numa situação de pandemia como a que estamos enfrentando.