PEGADA ECOLÓGICA: Entenda o que é e como diminuir a sua
Artigo de Lucas Branco de Carvalho sobre os impactos de nosso padrão de vida sobre o planeta.
A Pegada Ecológica vem para ajudar na conscientização da população, pois sabendo quanto é a sua necessidade de consumo dos recursos naturais, podemos trazer do campo do subjetivo para o campo prático toda as noções de consciência ambiental.
Ela calcula quantos planetas seriam necessários para manter o seu padrão de vida, se todos os habitantes da terra tivessem o mesmo estilo de vida. Atualmente, para um brasileiro médio se manter seriam necessários 1,6 planetas, já para a população mundial média seria de 1,5 planetas.
Outro conceito interessante que tem ligação com a pegada ecológica é o Dia da Sobrecarga da Terra. Esse dia é calculado para mostrar quando a humanidade usou todos os recursos que o meio ambiente seria capaz de recuperar, chamado também de resiliência ambiental, naquele ano. Então temos um dia que a partir dele estamos em dívida com o meio ambiente, usando mais do que ele tem capacidade de recuperar. No ano de 1970, quando esse índice começou a ser medido, o dia de sobrecarga era em 29 de dezembro, dois dias antes do fim do ano. Apenas 49 anos depois, em 2019, esse dia foi em 29 de julho.
Por esse motivo é necessária uma mudança radical nos hábitos de consumo da população mundial. Sem essa mudança o risco de o planeta não suportar a nossa carga de poluição e uso de recursos naturais é grande e tragédias ambientais serão cada vez mais comuns até inviabilizar a nossa existência como conhecemos hoje.
E o cálculo da pegada ecológica é baseado em 5 variáveis: Alimentação, bens de consumo, energia, moradia e transporte. Veremos a seguir como podemos diminuir nossa destruição da natureza:
Alimentação: A agropecuária é uma das grandes vilãs na questão das mudanças climáticas que já estamos vivenciando. Ela é responsável por 70% do consumo de água doce além de emissora de 73,25% dos gases do efeito estufa no país. Portanto é necessário mudarmos a nossa comida e como ela é produzida. Uma dieta vegetariana que priorize a produção de pequenos agricultores perto das cidades onde serão consumidas é o caminho a ser seguido.
Nessa quarentena procure por agricultores que estão fazendo delivery, uma rápida pesquisa no google é capaz de achar várias opções em seu bairro.
Bens de Consumo: Nossa sociedade atual é movimentada pela troca de mercadorias e acumulação de capital. Com uma necessidade insaciável de crescimento a qualquer custo, mas alguns gestos podemos mudar nossos hábitos de consumo.
Necessitamos mesmo do último modelo de celular? Ou será que ele não pode durar mais alguns anos antes de ser trocado. E você necessita mesmo de carro? Não só possui um veículo por pressão social para demonstrar que é bem sucedido? Você não conseguiria realizar suas atividades cotidiana usando bicicleta e/ou transporte público?
Nossa sociedade precisa mudar seu modo de produção, mas como cidadãos e cidadãs temos o dever de ter um consumo consciente, comprando apenas o necessário e reparando os bens de consumo que com um reparo simples estariam em perfeito estado de uso.
Use esse tempo em isolamento para pesquisar mais sobre o assunto e soluções para seu dia-a-dia que não requerem o consumo desenfreado.
Energia: Grande parte do consumo de energia do mundo é vem de grandes indústrias. Contudo ainda podemos diminuir os gastos com medidas simples, como diminuindo a programação das geladeiras e chuveiros para os níveis de inverno e verão, respectivamente. Devemos também trabalhar para produzirmos energia em pequenas escalas perto de nossas moradias e trabalhos, diversas soluções vêm sendo inventadas nos últimos anos desde painéis solares mais efetivos e baratos até o uso de decomposição anaeróbica de produtos orgânicos, gerando assim metano, que pode ser queimado para gerar energia.
E obviamente diminuir o tempo de uso de aparelhos domésticos quando estamos em casa.
Moradia: Nossas cidades estão construídas de uma maneira não sustentável, ainda usamos materiais de grande impacto ambiental, como o concreto. Então há uma necessidade de troca por construções mais ambientalmente corretas, usando mais matérias de origem de florestas de reflorestamento e outros materiais que têm menos impactos ambientais.
Uma atitude sustentável em época de isolamento é começar a plantar e cultivar em sua moradia. As plantas têm necessidade de absorver gás carbônico em sua fase de crescimento, além de purificarem o ar tão poluído das nossas cidades. Quem sabe aquela garagem de sua casa ou condomínio não pode se transformar em uma pequena horta para a produção de temperos que tem grande valor comercial ou mesmo alimentos como frutas e verduras?
Transporte: Nosso transporte ainda hoje é dependente de combustíveis fósseis, uma grande tragédia para nosso clima. Necessitamos buscar alternativas viáveis para todas as classes sociais para mudar nossa maneira de acessibilidade aos mais diversos locais. Vender o carro e usar bicicletas e/ou transporte público é a solução ideal, mas infelizmente muitas pessoas ainda precisam de carros para seu trabalho diário ou mesmo porque tem algum problema de locomoção.
Mas a recomendação continua, use o menos possível seu carro, utilize preferencialmente bicicleta/caminhada ou outros meios que não gerem gases do efeito estufa no dia-a-dia. E se não for possível utilize o transporte público para sua locomoção, mesmo que seja um pouco mais desconfortável sua futura geração irá agradecer esse gesto.
E nessa pandemia a recomendação é não sair de casa, portanto saia apenas o estritamente necessário. Saindo apenas para o trabalho (se você desempenhar um serviço essencial), compras de alimentos e remédios. E se sair evite andar de carro, ele produz poluição que afeta negativamente as pessoas que estão infectadas pelo vírus.
Agora, depois dessas dicas e explicações, você pode calcular sua pegada ecológica nessa ferramenta on-line. Acesse o site “pegadaecologica.org.br” e saiba quantos planetas seriam necessários para suportar seu modo de vida.
Lucas Branco de Carvalho é estudante de Engenharia Ambiental na Universidade Católica de Santos – UNISANTOS. Cursou iniciação científica e gestão ambiental na Each/USP e estagiou na Cetesb – Agência Ambiental de Santos. Participa do projeto Composta e Cultiva e faz parte da equipe técnica do Programa Condomínio Sustentável.